Apresentação


A NOVA REVISTA AMAZÔNICA

Este título da Revista é uma homenagem a José Veríssimo (1857-1916), paraense da cidade de Óbidos e que foi reconhecidamente um dos grandes críticos literários de fins do século XIX e início do XX, tendo participado ativamente da fundação da Academia Brasileira de Letras.

Mas nem só das Letras se constitui a importância desse grande amazônida. Também se dedicou à arqueologia, educação e etnografia, demonstrando ser homem de visão na condição de pensador social. Antes de se radicar definitivamente no Rio de Janeiro, em 1891, realizou no Pará série de estudos históricos, sociológicos e econômicos, sendo parte dessa produção publicada em periódico, por ele organizado, no período de 1883-1884: a Revista Amazônica. Mesmo tendo vida curta, esta publicação significou e significa um marco na produção científica e artística da região, pois foi uma das primeiras, senão a primeira, revista idealizada e organizada por um amazônida, com isso lembrando-nos que também existe vida inteligente na região. E para marcar essa preocupação e ressaltar o tino futurista de Veríssimo, transcrevemos parte do editorial do Tomo I, Primeiro Ano (1883), da referida publicação:

Não basta – cremos nós – produzir borracha, cumpre também gerar ideias; não é suficiente escambar produtos, é ainda preciso trocar pensamentos; e um desenvolvimento material que se não apoiasse num correlativo progresso moral seria não somente improfícuo, mas funesto, pela extensão irregular que daria aos instintos – já a esta hora muito exagerados – do mercantilismo.

E é justamente para não esquecermos das palavras tão precisas e premonitórias de Veríssimo que nos cabe, estudiosos e pesquisadores do século XXI, a obrigação de mantê-las vivas; e esta Nova Revista Amazônica a isso se propõe.

A imagem "Pelas Trilhas da Resistência" que atualmente compõe a capa e o logotipo da Nova Revista Amazônica foi inicialmente publicada no ensaio etnofotográfico intitulado "(Des) construamos as cidades?: a resistência das comunidades ribeirinhas e praianas” de autoria de Indira Eyzaguirre que autorizou seu uso a partir da publicação do N. 8 (12/2016) da NRA. Segundo a autora, a referida imagem  "representa a resiliência das sociedades ribeirinhas e o fortalecimento da sua epistemologia nos rios Amazônicos. O cotidiano e a convivência compõem a cultura como uma linguagem da resistência, que por sua vez, intensificam suas identidades".